quarta-feira, 22 de maio de 2013

Leitura do livro "Two Is Enough: A Couple's Guide to Living Childless by Choice" da Laura S. Scott




Em meio à dolorosa e fragmentada jornada de leitura deste outro livro que ainda não criei coragem para voltar a ler, acabei lendo este aí em cima num piscar de olhos. O Two Is Enough: A Couple's Guide to Living Childless by Choice é um desses livros sobre o qual se houve falar bastante quando o assunto são mulheres ou casais sem filhos. A Laura S. Scott começou com um blog, depois escreveu o livro e agora tem até um documentário sobre o projeto todo e tornou-se bastante respeitada nessa área.

Quando comecei minha pesquisa sobre livros que tratam desse assunto, esse me chamou a atenção pelo título (Tradução livre: “Dois bastam: Um guia para casais que escolheram viver sem filhos”), a capa e a descrição nas lojas online. Tudo parecia muito interessante e indispensável para a minha jornada pessoal e, é claro, para o desenvolvimento do meu próprio
projeto, que é o Útero Vazio. Então, trarei de comprá-lo e, como eu disse aí em cima, li bem rapidinho mesmo.

Em resumo: o livro é bom. A Laura teve o cuidado de consultar e utilizar a ajuda de profissionais em pesquisa para elaborar um questionário contundente e durante alguns anos entrevistou centenas de casais que escolheram não ter filhos nos Estados Unidos e no Canadá. As histórias destes casais são bem diferentes e oferecem um panorama amplo e diversificado dos motivos para esta escolha, assim como dos sentimentos e situações enfrentados pré e pós decisão.


“Apenas isso” já bastaria para que eu recomendasse esse livro aqui no blog, mas tem mais: a autora nos presenteia com um capítulo que eu chamo de bônus e que ela chamou de “Recursos” e que aparece no finalzinho do livro. Ele é bem pequeno, mas muito útil para quem deseja mais informações. Lá ela cita sites, blogs, fóruns, grupos e comunidades de pessoas sem filhos, o que permite que encontros, amizades e relacionamentos aflorem tanto virtualmente como no mundo real. E isso é muito importante, porque a maioria dos livros acaba se tornando um túnel sem saída, não deixando rastros para quem deseja continuar se informando sobre o assunto. 


É claro que as referências bibliográficas estão sempre presente nos livros e ajudam, mas a indicação de canais de comunicação com outras pessoas que estão na mesma situação é valiosa demais para ficar de fora. E a Laura acertou em cheio ao incluir estes atalhos em sua obra. Aliás, a referência bibliográfica dela também merece menção, já que é digna de uma especialista! Livros, artigos de jornais e revistas, estudos científicos... haja faro para pesquisa.

Porém, como nem tudo são flores, aqui vão algumas observações que julgo importantes, já que o objetivo desta fase de pesquisa é fazer uma revisão bibliográfica sobre o assunto e o objetivo do blog é registrar honestamente todas as etapas de feitura deste livro.


Repito, o livro é bom. E o recomendo. Mas confesso que alguns aspectos me atrapalharam um pouco durante a leitura. Como, por exemplo, o modo como a Laura compartilhou conosco a história dos entrevistados, ou melhor, pedaços de histórias. Um parágrafo após o outro lemos novos nomes, idades, profissões e, aos poucos, todos aqueles dados começam a se misturar, porque o vai e vem é bastante rápido e frequente. Então a gente acaba não tendo a chance de se aprofundar melhor na história desses casais, como se eles fossem personagens. Não existe linearidade; não existe história com começo, meio e fim. O que existem são declarações e pensamentos soltos. Ela entrevistou os casais separadamente, depois desmembrou e citou as partes que julgou importantes em diferentes capítulos. Os trechos, de fato, são relevantes e até mesmo reveladores, mas eu esperava dar uma boa espiada na vida desses casais e desejei ter tido a chance de conhecê-los melhor. A Jeanne Safer optou pela mesma abordagem no maravilhoso "Além da maternidade" (que já comentei aqui), mas, acho que no livro dela funcionou porque o número de entrevistados era bem menor.

Outro aspecto deste livro que chamou a atenção foi a abundância de dados estatísticos e acadêmicos. O que, é claro, é ótimo. Mas, mais uma vez, a maneira em que eles foram apresentados, por vezes, tornou a leitura confusa. Tantos números e estudos foram citados em meio aos trechos das entrevistas, que eu senti dificuldades de processar todas as informações apresentadas. Após um certo ponto, o vai e volta de conversas íntimas com os casais para os rígidos dados estatísticos acabou tornando a leitura pesada e fragmentou a minha atenção. Senti que, talvez, o ideal fosse eu ler este livro mais umas duas vezes. Uma para me concentrar só nas entrevistas (experiência pessoal) e outra para explorar os dados estatísticos e referências a estudos (experiência acadêmica). Quem sabe assim eu aproveitaria melhor a riqueza de detalhes que a Laura fez questão de incluir em seu livro.

Uma outra coisa que achei curiosa é a incompatibilidade do título (que foi um dos apelos do livro para mim) com o conteúdo em si. Um guia para casais que decidiram não ter filhos? Olha, eu li todas as páginas e ainda não encontrei o guia. Não há muitas dicas, nem exercícios, nem sugestões no livro. Existem conselhos, é verdade, mas eles estão espalhados pelo livro e não são apresentados de forma estruturada, como seria o caso de um guia. Destaco que isto não torna este livro menos proveitoso, apenas destoa do que a capa anuncia.


Veredito: um bom livro. Uma colcha de retalhos de histórias inspiradoras e de dados específicos que, por vezes, pode ser confusa, mas que resulta em um belo trabalho e que, no fim das contas, acaba funcionando. Certamente será útil para quem se interessa em saber mais sobre uma vida sem filhos. Mas é possível que seja bem mais útil para quem está escrevendo um livro sobre o assunto, já que o estilo acadêmico muitas vezes sobrepõe o tom intimista, que é mais útil a quem está curioso sobre este “estilo de vida”.

p.s. Indicado principalmente para quem já tomou a decisão de não ter filhos, uma vez que todos os casais entrevistados já passaram da fase de decisão. Mas também pode ser bastante interessante, para quem está em processo de decisão, ler como os entrevistados decidiram o que fazer.

Nicole Rodrigues

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Katharine Hepburn



"Ser uma dona de casa e mãe é o maior trabalho do mundo, tenho certeza, mas se ele não te interessa, então não o faça. Eu mesma teria sido uma péssima mãe."


Katharine Hepburn
Atriz americana

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